A IMPORTÃNCIA DA AFETIVIDADE NA
RELAÇÃO PEDAGÓGICA
Luiz Flavio Rangel[i]
As questões
relacionais e afetivas, estão ganhando destaque em todas as relações que as pessoas desenvolvem em seu cotidiano.
Embora estejamos sendo bombardeados constantemente pela mídia, ou mesmo por
vivenciarmos em nosso convívio posturas que demonstram a ausência total de bom
senso e respeito as diversidades no relacionamento entre as pessoas, deixando
evidente que a racionalidade desprovida de valores éticos e morais não consegue
dar uma resposta satisfatória a diversidade de problemas que enfrentamos
em nossas relações cotidianas.
Não se esta
aqui querendo advogar, que decisões de qualquer natureza que tomamos a todo
instante devam estar isentas de racionalidade, apenas destacamos que o contexto
social ainda destina mais credibilidade as questões quantitativas, que podem
ser mensuradas, medidas, avaliadas, dentro de um conjunto de valores
considerados como dominantes, e que, portanto, possuem maior legitimidade
social. Em contrapartida, os aspectos
relacionais que tratam dos valores e das questões afetivas que envolvem
o ser humano, são de certa forma negligenciados e em muitas ocasiões nem são
considerados.
Em se tratando
de educação, ao excluirmos do debate as questões afetivas e emocionais, deixa
de ter importância como o aluno conseguiu determinado conceito, importando
apenas o conceito em si, os resultados obtidos pelos alunos se auto definem por si por si próprios, como
se vivêssemos de forma isolada, sem dependermos das relações que estabelecemos
com nossos semelhantes, que tornam-se simples acordos onde cada um desempenha o
seu papel, sem a inter-relação necessária para se compreender de que forma, e, em que condições as pessoas
atingem ou deixam de conseguir os objetivos previstos.
Estamos
vivendo em uma sociedade excludente regida pela lógica do mercado, onde não
mais importa a qualidade do que produzimos desde que possa ser consumido de
forma rápida e constante. Essa visão mercadológica e consumista é destacada
pela mídia que reforça a todo instante as regras do mercado, enfatizando para
as pessoas, o certo ou o errado, nos levando a uma corrida frenética pela busca
de novos recursos financeiros, para não nos sentirmos excluídos socialmente,
mesmo que para isso, tenhamos que comprometer a nossa qualidade de vida.
A escola por
estar inserida na sociedade reproduz em suas práticas pedagógicas as questões
sociais dominantes do mercado, passando a enfatizar a individualidade das
pessoas no lugar do trabalho coletivo, pois em um contexto imediatista, os
valores são deturpados em função dos objetivos propostos. E assim, vimos
diariamente nossos jovens convivendo com mais informação, porém, cada vez menos
éticos nas relações que estabelecem com seus semelhantes e as questões
ambientais.
A educação
sempre esteve em crise e continuará a enfrentar problemas, aliás, essa é uma
das razões de se educar as pessoas, pois entendemos ser através de uma educação
crítica e reflexiva, que poderemos alterar esta lógica mercantilista, que
valoriza as questões quantitativas, relegando praticamente ao descrédito social
as questões relacionais, afetivas e éticas.
Neste aspecto,
o educador não pode esperar uma escola
ou sociedade, com todas as condições ideais para realizar um bom trabalho, pois
ao postergarmos as nossas ações para
quando as dificuldades estiverem
contornadas, apenas mostrará o quanto as
mesmas não eram necessárias, tendo em
vista que as questões sociais se auto regulam sem a nossa intervenção, ou
exatamente por termos nos furtado a participação, e nos excluído do debate
através de um trabalho que exigia maior comprometimento.
O educador
socialmente comprometido com as transformações sociais necessárias, não pode
abdicar da sua principal tarefa, qual seja de fazer que a sua ação pedagógica
seja produtora de possibilidades, pois são exatamente nessas situações de
conflitos que surgem as oportunidades e novos olhares sobre a diversidade de
situações, que irá oportunizar as intervenções necessárias visando a construção
de significados e o desenvolvimento dos projetos de vida das pessoas.
Porém,
uma educação que valorize determinados saberes com menosprezo pelos demais,
exclui as pessoas que mais precisam dela, além de torna-se um instrumento que
reforça o “status quo” social que ela
teria que alterar. É importante
lembrarmos, que os alunos de hoje interagem com facilidade, portanto aulas
repetitivas tornam-se maçantes e sem interesse, sendo que envolvê-los com o
processo educativo é fundamental para motivá-los.
Para tanto, se
faz necessário um novo educador, alguém que trabalhe com conteúdos abertos, com
possibilidades e não com certezas, com indeterminações e não com respostas
acabadas, um educador que se desafie a ensinar através da pesquisa, enfim um
professor que nunca esteja pronto e acabado, alguém que se preocupe com a
aprendizagem dos seus alunos e valorize os seus sentimentos, pois tão
importante como dizer algo, é a forma como o fazemos.
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