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Blog da Escola Estadual de Ensino Médio Cecília Meireles de Coronel Bicaco - RS.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

A IMPORTÃNCIA DA AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PEDAGÓGICA

            A IMPORTÃNCIA DA AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PEDAGÓGICA
                                                             
                                                                                                         Luiz Flavio Rangel[i]

As questões relacionais e afetivas, estão ganhando destaque em todas as relações  que as pessoas desenvolvem em seu cotidiano. Embora estejamos sendo bombardeados constantemente pela mídia, ou mesmo por vivenciarmos em nosso convívio posturas que demonstram a ausência total de bom senso e respeito as diversidades no relacionamento entre as pessoas, deixando evidente que a racionalidade desprovida de valores éticos e morais não consegue dar uma resposta satisfatória a diversidade de problemas que  enfrentamos  em nossas relações cotidianas.


Não se esta aqui querendo advogar, que decisões de qualquer natureza que tomamos a todo instante devam estar isentas de racionalidade, apenas destacamos que o contexto social ainda destina mais credibilidade as questões quantitativas, que podem ser mensuradas, medidas, avaliadas, dentro de um conjunto de valores considerados como dominantes, e que, portanto, possuem maior legitimidade social. Em contrapartida, os aspectos  relacionais que tratam dos valores e das questões afetivas que envolvem o ser humano, são de certa forma negligenciados e em muitas ocasiões nem são considerados.


Em se tratando de educação, ao excluirmos do debate as questões afetivas e emocionais, deixa de ter importância como o aluno conseguiu determinado conceito, importando apenas o conceito em si, os resultados obtidos pelos alunos  se auto definem por si por si próprios, como se vivêssemos de forma isolada, sem dependermos das relações que estabelecemos com nossos semelhantes, que tornam-se simples acordos onde cada um desempenha o seu papel, sem a inter-relação necessária para se compreender  de que forma, e, em que condições as pessoas atingem ou deixam de conseguir os objetivos previstos.

Estamos vivendo em uma sociedade excludente regida pela lógica do mercado, onde não mais importa a qualidade do que produzimos desde que possa ser consumido de forma rápida e constante. Essa visão mercadológica e consumista é destacada pela mídia que reforça a todo instante as regras do mercado, enfatizando para as pessoas, o certo ou o errado, nos levando a uma corrida frenética pela busca de novos recursos financeiros, para não nos sentirmos excluídos socialmente, mesmo que para isso, tenhamos que comprometer a nossa qualidade de vida.

A escola por estar inserida na sociedade reproduz em suas práticas pedagógicas as questões sociais dominantes do mercado, passando a enfatizar a individualidade das pessoas no lugar do trabalho coletivo, pois em um contexto imediatista, os valores são deturpados em função dos objetivos propostos. E assim, vimos diariamente nossos jovens convivendo com mais informação, porém, cada vez menos éticos nas relações que estabelecem com seus semelhantes e as questões ambientais.

A educação sempre esteve em crise e continuará a enfrentar problemas, aliás, essa é uma das razões de se educar as pessoas, pois entendemos ser através de uma educação crítica e reflexiva, que poderemos alterar esta lógica mercantilista, que valoriza as questões quantitativas, relegando praticamente ao descrédito social as questões relacionais, afetivas e éticas.

Neste aspecto, o educador não pode esperar  uma escola ou sociedade, com todas as condições ideais para realizar um bom trabalho, pois ao postergarmos as  nossas ações para quando  as dificuldades estiverem contornadas, apenas mostrará  o quanto as mesmas não eram necessárias,   tendo em vista que as questões sociais se auto regulam sem a nossa intervenção, ou exatamente por termos nos furtado a participação, e nos excluído do debate através de um trabalho que exigia maior comprometimento.

O educador socialmente comprometido com as transformações sociais necessárias, não pode abdicar da sua principal tarefa, qual seja de fazer que a sua ação pedagógica seja produtora de possibilidades, pois são exatamente nessas situações de conflitos que surgem as oportunidades e novos olhares sobre a diversidade de situações, que irá oportunizar as intervenções necessárias visando a construção de significados e o desenvolvimento dos projetos de vida das pessoas.

            Porém, uma educação que valorize determinados saberes com menosprezo pelos demais, exclui as pessoas que mais precisam dela, além de torna-se um instrumento que reforça o “status quo” social que ela teria que alterar.  É importante lembrarmos, que os alunos de hoje interagem com facilidade, portanto aulas repetitivas tornam-se maçantes e sem interesse, sendo que envolvê-los com o processo educativo é fundamental para motivá-los.

Para tanto, se faz necessário um novo educador, alguém que trabalhe com conteúdos abertos, com possibilidades e não com certezas, com indeterminações e não com respostas acabadas, um educador que se desafie a ensinar através da pesquisa, enfim um professor que nunca esteja pronto e acabado, alguém que se preocupe com a aprendizagem dos seus alunos e valorize os seus sentimentos, pois tão importante como dizer algo, é a forma como o fazemos.






[i] Luiz Flavio Rangel- Diretor da Escola.